quarta-feira, 8 de abril de 2009

Alzheimer - Quando a vida quer ser esquecida


São os pensamentos que alimentam a alma, as atitudes são apenas a consequência dos mesmos.


“Esquecer uma vida” pode ser uma forma de evolução espiritual, numa passagem para uma nova forma de consciência.



Entramos aqui num mundo à parte, que tanto tem de assustador, como de fascinante. Um mundo já algo descolorido e aparentemente quieto, numa viagem de retrocesso aos tempos de meninice. Mas o que neste processo é assustador, é que em vez da evolução natural própria da infância, aqui vai - se perdendo em tudo, em memória, em comunicação, em interesse e orientação e também em movimento/ ritmo e equilíbrio.
À luz da astrologia, temos aqui Neptuno como primeiro responsável por esta doença e Urano (regente do sistema nervoso central) que dá a sua bênção.
A energia de Neptuno rege tudo o que tenha a ver com o subconsciente, é um planeta de água e daí comandar todo o mundo emocional. Mas ele fá-lo silenciosamente (como o peixe na água), assim, quando esta doença se manifesta ela já está “perfeitamente” acomodada no cérebro. Se tivermos em conta que a doença pode levar 30 anos a desenvolver-se, ficamos com uma ideia do poder desta energia, que trabalha de forma lenta, mas cruel. Também é interessante o facto dos psicofármacos corresponderem a Neptuno, assim como todas as outras drogas, o álcool, o esquecimento, o sonho, a ilusão e o silêncio. O silêncio em que estes doentes mergulham gradualmente, é um desafio diário para quem lida com eles e os acompanha nessa viagem rumo ao esquecimento.
A doença manifesta-se sempre na segunda metade da vida, ou seja, a partir dos 50 anos de idade e na maioria dos pacientes, encontramos senhoras. Na fase dos 50, é quando se faz um balanço geral do caminho percorrido até então e procura-se (ou sonha-se) com novas perspectivas que possam alterar e /ou valorizar o rumo e a própria vida.
A inquietação que se pode observar nestes doentes deixa transparecer uma procura de comunicação. Será saudade de querer também “estar presente” ou mais perto da própria vida…? O constante vai-vem que observamos nestas pessoas, é como uma maratona, atrás daquilo que se deixou fugir ao longo do percurso de vida.
O doente de Alzheimer é uma pessoa pacífica, que viveu em função do bem-estar ou dos interesses dos outros e se “esqueceu” das suas necessidades.
Sempre obedientes, estas pessoas não “aprenderam” a dizer não ao longo da vida; talvez por não poderem, talvez também por não quererem. As histórias de vida dos doentes de Alzheimer, revelam que todos viveram submissos ao ambiente familiar durante metade da sua vida, sem coragem, ou sem força para exigirem mais de si mesmos e dos outros. Entregues a pensamentos tristes e resignados com a sua sorte, entram lenta e progressivamente num túnel cada vez mais escuro. O passado e o presente passam a ser um só, num avivar esporádico de memória. Estes doentes que perdem gradualmente a memória até se esquecerem da própria identidade, representam uma provocação numa sociedade em que se afirma que a consciência rege e está acima de tudo!
Talvez a presença de alguém com esta doença na nossa vida, de uma ou outra forma, seja um leve convite a nos questionarmos, até que ponto estamos conscientes da forma e da direcção em que remamos no nosso barquinho…
São os pensamentos que alimentam a alma, as atitudes são apenas a consequência dos mesmos. Se esta doença é ou não uma fuga da vida e das suas exigências, é um tema com o qual devemos lidar com muita cautela. Porque cada história é uma história e o Carma individual tem aqui uma palavra importante a dizer. Não podemos esquecer que nos encontramos todos num processo evolutivo, intrinsecamente ligado ao nosso Carma individual. “Esquecer uma vida” pode ser uma forma de evolução espiritual, numa passagem para uma nova forma de consciência.


Tomar, em Abril de 2009
Fátima Ferreira
astrobalance@sapo.pt

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Bolachinhas para a alma

As enormes transformações a que assistimos pelo mundo inteiro não são apenas o esboço de um futuro que se prevê atribulado para muitos. Estas transformações são urgentemente necessárias, porque são a ponte de passagem para uma nova consciência individual e colectiva, com raízes na educação que geramos.
A vida é uma transformação constante, porque nada é estático, tudo evolui, tudo anseia a luz. A luz, como fonte de crescimento, de evolução e de alegria.
Ao longo do meu percurso de vida, já houve lugar para muitas emoções, para muitos sentimentos, para alguns caminhos. Todos estes caminhos e sentimentos, foram de uma enorme importância porque foram delineando a minha direcção e polindo a minha consciência. Como companheira fiel tive sempre uma enorme curiosidade, valendo-me mesmo alguns sermões em criança. Sempre procurei saber os porquês, os motivos por detrás dos quês. Sou uma eterna curiosa e uma eterna aprendiza, porque gosto de desvendar os mistérios não só dos acontecimentos como também e principalmente da mente humana.
Ainda que muitas vezes fique espantada com a motivação de algumas pessoas, com as razões e as prioridades pelas quais vivem ou fingem que vivem e com a negação de valores espirituais nas suas vidas. Diariamente vejo gente ás voltas com a própria sorte, receosas de amar, de evoluir, de aceitar responsabilidades.
Acredito no lado bom do ser humano, como criatura Divina, nascida livre, vinda da Luz e dou o meu melhor para que os meus filhos também acreditem.A espiritualidade ainda é vista por muitos como uma ciência abstracta, á qual alguns "estranhos" se dedicam.
A espiritualidade é a luz essencial em todos os sectores das nossas vidas e muito particularmente na educação dos nossos filhos. Uma educação sem a luz da espiritualidade pode ser comparada a uma semente que se enterra no jardim e se deixa entregue à sua sorte. Se não prepararmos a terra, se não a adubarmos, e a regarmos, muito dificilmente a semente desenvolve. Os resultados dependem de nós.
Os nossos filhos são sementes no jardim da nossa vida, mas eles não nos pertencem.São-nos confiados por determinado espaço de tempo, mas não são nossos, porque não são nossa pertença, como tantas coisas que possuímos nas nossas vidas. Os nossos filhos, são filhos do universo, a eles devemos protecção e afecto e o dever de transmissão de bases sólidas, nelas se inclui a espiritualidade. Estes "pequenos mundos"a que chamo aqui os meus e os teus filhos, são ao longo da vida o espelho dos valores do berço.
Penso que o futuro será o que nele projectarmos, na forma como educamos e nos "damos" aos nossos filhos. Claro que corremos riscos, e claro que temos de cometer erros, de outra forma não é possível fazer caminho. A não esquecer aqui que haverá muitos a tentar fazer-nos crer que estamos absolutamente fora de moda. Se estar fora de moda é dizer não à manipulação, isto também e especialmente dentro da própria família, respeitar a individualidade de cada um e do mundo à nossa volta, teimar em ser diferente para ser justo e destemido perante os desafios modernos e passageiros, sendo assim, é com gosto que estou fora de moda.
Acredito que a Divindade mora no peito dos meus e dos teus filhos, porque acredito que a Luz do futuro são eles.
Que não te falte o amor e a perseverança na tarefa amorosa e exigente, que é a educação do teu filho, à luz da espiritualidade.
Janeiro, 2009